quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Setembro Amarelo

           
   
Movimento de prevenção ao suicídio
Setembro Amarelo
Desde 2015, no mês de setembro é realizada a campanha no Brasil e no mundo para conscientizar as pessoas sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, cerca de 32 pessoas se suicidam por dia, ocupando a oitava posição no ranking mundial de países com maior incidência do suicídio. O que chama a atenção neste dado é que esta marca está superior às vítimas de AIDS e da maioria dos tipos de câncer.
  
  O suicídio tem sido um mal silencioso já que muitas pessoas acabam fugindo do assunto, seja por desconhecimento ou medo, e acabam se fechando para esta questão dificultando a identificação de um possível sinal suicida que alguém possa expressar. 
  
  Segundo a Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. É necessário que a pessoa busque ajuda e atenção para quem está à sua volta. É preciso que a pessoa saiba que há uma possibilidade, que é possível ser ajudada e acolhida com o seu sofrimento. 

   De acordo com a OMS, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos e evitados se houver uma rede de atenção e cuidado que promovam um diagnóstico, tratamento e assistência adequados. Não deixe esta chance morrer, há esperança.  

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Isolamento social: Desafio de cuidadores e crianças.

   
Dicas para cuidadores e criança no isolamento social no período da Pandemia de Covid-19.
As crianças tendem a responder a situações difíceis e perturbadoras de diferentes maneiras. Deste modo, elas podem apresentar: pesadelos, urinar na cama, apegando-se em demasia aos seus cuidadores ou se afastando deles. As mudanças de humor também podem se tornar frequentes gerando uma ansiedade e preocupação por parte dos seus cuidadores que buscam uma maneira de lidar com tais manifestações. Por isso, existem algumas sugestões que podem ajudar os cuidadores neste momento de isolamento junto com as crianças:

1º Sejam claros e honestos com as informações sobre a Pandemia.
O acesso à informação pode se manifestar de muitas maneiras no mundo informatizado de hoje, contudo, é preciso que os cuidadores forneçam informações seguras sobre o que está acontecendo para as crianças de maneira clara, honesta e tranquilizadora. Assegurem-se de utilizar uma linguagem simples para ajudar na compreensão, atentando-se a possíveis dúvidas. Evitem comentar sobre boatos na presença das crianças.

2º Ofereçam um momento de atenção.
Busquem proporcionar um momento de escuta ativa e compreensiva, onde a criança possa se sentir segura e confortável para expressar seus sentimentos de medo, tristeza, angústia e insegurança. Isso pode ser incentivado através de um diálogo simples ou de forma lúdica por meio de desenhos e brincadeiras.

3º Ensinem sobre as formas de prevenção.
Forneçam informações sobre o porquê é importante lavar as mãos e utilizar máscaras. Ensine a maneira correta de higienizar as mãos, preferencialmente, de forma lúdica.

4º Estabeleçam uma rotina.
Sempre que possível, desenvolvam uma rotina incluindo aprender, brincar e relaxar. Quando viável, mantenham os trabalhos escolares e outras atividades rotineiras que não tragam risco de contaminação. Quando disponível em casa, ofereçam jogos, sessão de filmes infantis e cadernos de desenhos, além de propor atividades com música e dança, por exemplo.

5º Sejam otimistas e positivos.
As crianças tendem a seguir pistas emocionais dos adultos que são importantes para elas. De algum modo, buscam obter neles indícios sobre o que está acontecendo a sua volta. Portanto, evitem propagar notícias negativas e pessimistas próximo às crianças. Busquem informar o real motivo do isolamento social considerando a esperança de que, em algum momento, essa fase irá passar.

Psicólogo: Raphael Miranda Dias


Referências:
IASC. Guidelines on Mental Health and Psychosocial Support in Emergency settings: checklist for field use. IASC: Geneva, 2008.
International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies (IFRC). Mental Health and Psychosocial Sup-port for Staff, Volunteers and Communities in an Outbreak of Novel Coronavirus. IFRC: Hong Kong, 2020.
World Health Organization (WHO). Mental Health and Psychosocial Consideration in Pandemic Human Influenza (2005 Draft version). WHO, 2005

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Em tempos assim...


Estamos vivendo um momento singular em nossa existência, somos convocados, mesmo sem nossa vontade, a vivenciar o que está acontecendo no mundo, sobretudo, com o nosso próprio interior. Somos colocados à prova, cada um com seu modo particular de reagir, aceitar e compreender o que está ocorrendo. 

    Entramos num período em que somos convidados a nos deparar com nós mesmos e isso para alguns pode ser assustador, entediante ou confuso. A rotina que se manifestava acelerada, exaustiva e agitada não se faz tão presente. O tempo disponível que era raro e privilégio de alguns, hoje se apresenta de modo mais democrático. Inevitavelmente, ficamos a disposição de nós mesmos e em contato com nossa própria humanidade. 

    A incerteza e a ausência de respostas sobre o que está acontecendo e sobre o que virá pode nos deixar ansiosos, pois até pouco tempo era fácil ter resposta para tudo. Constatamos que muitos problemas que tínhamos há décadas foram sanados pelo avanço da tecnologia, mas agora temos que enfrentar o tempo da espera aguardando por soluções, e como gostamos de ter respostas rápidas, pois, “não podemos perder tempo”, ao menos não podíamos nos permitir a isto, quiçá, ter um momento para lidar com a perda e frustração. A impotência de não ter o controle da situação pode nos gerar descontentamento e irritação. 

    Nossa reflexão pessoal muitas vezes é negligenciada, pois temos receio do desconhecido ou do que possa surgir em nós, como se fôssemos estrangeiros em nosso próprio “EU”. De fato, não é fácil reconhecer nossas fraquezas, limitações e vulnerabilidade, contudo, também podemos descobrir potenciais, faculdades e dons que, possivelmente, só estão esquecidos em algum baú no nosso próprio “porão” esperando serem encontrados, retirados da poeira para se tornarem presentes em nossas vidas, trazendo-nos sentido. Em tempos assim, somos desafiados a explorar, descobrir e reinventar a nós mesmos.

Psicólogo: Raphael Miranda

quinta-feira, 5 de março de 2020

Paciência: Compreendendo processos, aceitando etapas.

Compreendendo o processo e aceitando etapas.
Ser paciente?
Observo o quanto a Paciência é de fato uma virtude. Somos convidados todos os dias a dar o próximo passo, a “correr atrás”, “ir além” dos nossos limites e não “ficar para trás”, então, em meio a tantas exigências, inevitavelmente, podemos perder a Paciência. Quem nunca ficou irritado com alguém que apenas nos orientou a ser mais paciente? Compreensivamente a questão não é fácil! Nossa rotina nos exige desafios constantemente. O tempo vai passando, o vencimento das contas vem cada vez mais rápido, os prazos no trabalho e no estudo se estreitam numa velocidade assustadora, os afazeres domésticos parecem que nunca têm fim. Então nos perguntamos: como ter paciência? 

Costumamos compreender a Paciência como um ato de aguardar, não se abalar ou saber esperar. Todavia ser paciente vai além, ou seja, nos convida a aceitar o processo e reconhecer nossos limites. Não podemos ter uma árvore sem antes plantar a semente e regá-la. Ao fazer um bolo é necessário separar os ingredientes, misturá-los e colocar no fogo na temperatura ideal. Tudo isso requer tempo e uma dedicação diária, alguns mais e outros menos. 

Em nossas vidas nos deparamos com muitos desses processos, no entanto, acabamos algumas vezes não respeitando o curso. Assim, começamos a pular etapas ou a trocar semente por ingrediente, árvore por bolo... Deste modo, paciência nos exige respeitar o ciclo, compreender as etapas e aceitar o processo, até mesmo se não der certo. Isso mesmo! Não temos garantias que a árvore vá crescer antes de ser cortada ou que o bolo cresça, mas não fique tão saboroso. Todavia, podemos preservar nossa energia ao invés de querer controlar o que está além no nosso alcance. Aprendendo a respeitar nossos limites, o do próximo e do universo. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Resiliência: Um potencial interno

O que lhe faz resiliente? O que lhe faz seguir?
O que lhe faz resiliente?
Resiliência é um conceito que vem sendo discutido amplamente no meio acadêmico trazendo uma ótica desde a Física à Psicologia. A definição do termo é ampla e dá margem para uma discussão mais aprofundada e abrangente desta temática, devendo considerar, por exemplo, o contexto histórico e social o qual está inserida, porém este texto não tem objetivo de se aprofundar neste aspecto. No entanto, é preciso ressaltar que para a Psicologia o conceito de resiliência consiste basicamente na capacidade humana diante das adversidades e sobre a potencialidade de adaptação e superação do homem. 

Possivelmente já nos deparamos com alguma pessoa que passou por algum sofrimento profundo em sua vida, mas apesar deste episódio conseguiu retomar seu caminho de forma fluida. A questão é: Por que algumas pessoas conseguem lidar com uma adversidade e outras não? Como aquela pessoa obtém a capacidade de viver e superar o sofrimento, a dor, a perda, a solidão e o medo e outra não? 

Sobrevivente dos campos de concentração em Auschwitz, o autor e Psiquiatra Viktor Frankl, que teve esta experiência relatada no seu livro “Em busca de sentido”, ressalta que dentro de cada pessoa há um potencial que permite lidar com adversidades externas. “A pessoa interiormente pode ser mais forte do que seu destino exterior, e isso não somente no campo de concentração. Sempre e em toda parte, a pessoa está colocada diante da decisão de transformar sua situação de mero sofrimento numa realização interior de valores”. Mas que potencial seria este? Para o autor seria a capacidade da pessoa em dar sentido a estes momentos de dor, sofrimento e angústia. “Também há sentido naquela vida que – como no campo de concentração – dificilmente oferece uma chance de se realizar criativamente e em termos de experiência”. 

Analogamente, o autor e Psicólogo Carl Rogers também enfatiza que dentro de cada indivíduo há um potencial capaz de fazê-lo continuar sua vida em processo de crescimento e amadurecimento independente dos atravessamentos que passou. “O indivíduo traz dentro de si a capacidade e a tendência latente se não evidente, para caminhar rumo à maturidade. [..] Isto se mostra evidente na capacidade do indivíduo para compreender aqueles aspectos da vida e de si mesmo que lhe estão causando dor e insatisfação”. 

Deste modo, a resposta sobre o que nos faz resilientes, o que nos permite continuar fluindo e ressignificando apesar das adversidades está dentro de cada um de nós. Sendo assim, será que você conhece seu potencial interno? Será que você perdeu a capacidade de ouvir a si mesmo? Acredite! Você tem suas respostas. 


Referencias:

Frankl, V. E. (2008). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração (W. O. Schlupp & C. C. Aveline, trad.). São Leopoldo: Sinodal. (Trabalho original publicado em 1946). 

Rogers, R. Carl, Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 

Taboada, Nina G., Legal, Eduardo J., & Machado, Nivaldo. (2006). Resiliência: em busca de um conceito. Journal of Human Growth and Development, 16(3), 104-113. Recuperado em 20 de setembro de 2018, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822006000300012&lng=pt&tlng=pt.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Medo e ansiedade. Há diferença?

Medo e Ansiedade
Comumente percebo o quanto as pessoas têm dúvidas sobre medo e ansiedade. Tal questionamento é pertinente já que é difícil falar de ansiedade sem falar sobre o medo, o que pode gerar uma confusão compreensiva. 

Primeiramente é preciso frisar que o medo é uma emoção básica universal que nos adverte sobre algum perigo iminente. O medo seria como um alarme que nos avisa sobre alguma ameaça real ou percebida. É uma reação automática que temos a uma circunstância potencialmente real de perigo. Ele nos coloca em alerta, por exemplo, quando sentimos um cheiro forte de queimado podendo induzir um risco de incêndio, quando escutamos um som da buzina próximo de nós quando vamos atravessar uma rua, naturalmente, o medo nos adverte e nos alerta nessas situações. 

Por outro lado, a ansiedade é uma sensação complexa, geralmente, provocada por um medo que ocasiona uma apreensão diante de uma ameaça futura, no entanto, a ansiedade é mais prolongada que o medo, podendo comprometer diretamente a vida do indivíduo gerando sintomas físicos como aumento da frequência cardíaca, falta de ar, dor ou pressão no peito, tremores, suor intenso, etc., assim como sintomas comportamentais de evitação de uma possível ameaça, agitação, dificuldade para falar, etc., além dos pensamentos como o medo de enlouquecer, medo de perder o controle, medo de morrer, entre outros. Cabe salientar que na ansiedade há sempre aquele pensamento no futuro do “E se?”, por exemplo, “E se o exame apontar uma doença?”, “E se começar uma guerra?” ou aquela ideia do “Vai que”, isto é, "Vai que o meteoro cai amanhã”, “vai que o médico não consegue operar?”. 

É evidente que todos já sentimos ansiedade, em algum nível, em nossas vidas. Quem nunca se sentiu ansioso em se preparar para uma prova? Ou em realizar algum exame médico que nunca escutamos falar? Ou em se preocupar se conseguiríamos fechar a conta, no final do mês, depois de algum imprevisto mensal? No entanto, devemos ficar atentos quando a ansiedade começar a comprometer, significativamente, a nossa vida pessoal e social impedindo de realizar, por exemplo, tarefas simples que eram desempenhadas até o momento como sair de casa, ter uma noite de sono, ir trabalhar, etc. Neste caso, é recomendável que o indivíduo procure um profissional habilitado (Psicólogo, Psiquiatra) de sua confiança para uma possível avaliação e acompanhamento.