segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Será real ou virtual??

Será que o que sinto é real ou vitual?
Real ou virtual?
Num mundo onde a felicidade plena parece ser a única opção de ser, não há espaço para um dia triste, um desapontamento, quiçá uma depressão, por exemplo. A depressão por sinal está crescendo cada vez mais, mas você se pergunta: "Como a depressão está crescendo se na minha rede social só aparecem pessoas felizes e sorrindo? E cada vez essas pessoas felizes só aumentam", "Por que este mal iria me atingir?".

Desta forma, continuamos a julgar pelas aparências e a nos compararmos com o mundo "virtual", o mundo "aparente". Cabe ressaltar que depressão não é o oposto de felicidade, mesmo tendo a tristeza em seus sintomas, depressão vai além da tristeza, é algo profundo, comprometendo fisicamente e psicologicamente o indivíduo.

Neste cenário, a conscientização de que precisamos de uma possível ajuda tornar-se um tormento, um sinônimo de fraqueza ou indignação. "Logo eu? o que eu fiz para merecer?", "Qual o segredo dos outros para não adoecer?", "Por que as outras pessoas não sofrem?". E assim, nos questionamos e buscamos respostas atrás de respostas, comumente sem sucesso. 

Deste modo, aceitar nossa condição humana real e compreender que nem tudo, em nossa vida, podemos dar conta sozinhos é algo desafiador. Entender nossa singularidade e subjetividade diante de toda nossa realidade, não é uma tarefa fácil e confortante. Assim, procurar ajuda de um profissional é um sinal de coragem e força.Ainda mais no mundo em que a vida parece ser algo tão simples e a felicidade plena tão corriqueira...

quinta-feira, 22 de junho de 2017

A enfermagem num despertar para a psicologia



Em dezembro de 2005, tive o privilégio de me formar em técnico de enfermagem, isto, naquele momento, foi a realização de um sonho para mim. Eu me recordo que aprendi muitas coisas no curso como: aferir os sinais vitais, administrar medicamento por via parenteral, realizar curativos, cuidados com a sonda nasogástrica, dentre outros. Foi uma experiência única em minha vida, aprendi técnicas e métodos eficientes de como cuidar das enfermidades e restabelecer a saúde das pessoas. 

   Após a minha formação, comecei a exercer a profissão de técnico de enfermagem, certo de que estava relativamente pronto para desenvolver e executar todo o meu potencial e aptidão. No entanto, comecei a perceber algumas coisas que na minha própria formação se evidenciavam. Lembro-me que, ainda no estágio, lidava com manifestações internas que me causavam certo desconforto em minha pessoa, como: dúvida quanto utilizar a teoria na “prática real”, o medo de errar, a insegurança, a impotência diante da queixa emocional do paciente, dentre outros. Isto, por sinal, era algo que não estava presente nos manuais.

   É notória a exigência mental sobre o(a) enfermeiro(a) quanto ao seu desenvolvimento profissional, “você precisa ser forte”, “você não pode ter medo”, “você não pode errar”, “Você não pode se deixar abater”. Diante de todas essas “recomendações” eu me perguntava se havia espaço para um “ser humano” executar, de fato, esta função. A princípio eu justificava as minhas inquietações devido a minha “falta de experiência” ou pela minha “juventude”, todavia, ao me deparar no campo com alguns colegas “experientes”, percebi que muitos tinham inquietações parecidas com as minhas. 

   Cabe ressaltar que muitos colegas de profissão, experientes ou não, tinham dificuldade de lidar com a dor, o medo e repúdio do paciente, muitos tinham receio e pavor em falar da morte, outros com tanta “segurança adquirida” em “nunca vou errar” realizavam os procedimentos sem o equipamento de proteção individual adequado, como se estivessem blindados fisicamente e em seus próprios sentimentos. No entanto, eu questionava: a quem recorrer a estas dificuldades? Será que um dia conseguirei expor minhas fraquezas e ser compreendido? 

    Movidos por toda teoria ou pela técnica, ou pelo amor a profissão ou do cuidado com o outro, aí se encontram os técnicos de enfermagem. Assim, fui desenvolvendo meu trabalho como enfermeiro e era muito feliz no que fazia. Estar com o outro realizando os cuidados era algo que me realizava, no entanto, algo ainda me inquietava no meu trabalho, ficava cada vez mais instigado com toda a manifestação de cunho emocional e psíquico que emergia no meu trabalho, seja na relação enfermeiro x paciente, enfermeiro x família, enfermeiro x equipe de saúde, enfermeiro x instituição. 

   Minhas inquietações me mobilizaram de tal forma que me despertaram para realizar o curso de Psicologia. Hoje eu sou Psicólogo e eternamente grato ao que a minha primeira formação, técnico de enfermagem, me proporcionou. Ainda não tenho respostas para todas as minhas indagações e não sei se vou encontrar, porém, descobrir que há um mundo em que eu possa falar, sentir, refletir, lidar e vivenciar essas inquietações, esse lugar a Psicologia conseguiu me proporcionar e este mundo a Psicologia me ensinou a oferecer para qualquer pessoa que esteja disposta a entrar.

Psicólogo: Raphael Miranda Dias.




sexta-feira, 10 de março de 2017

Será que é Bipolar??

Constantemente, deparo-me com pessoas que afirmam que algum amigo, parente ou conhecido “É Bipolar”. Geralmente, esta “conclusão” se estabelece devido à pessoa apresentar características como: “Uma hora fala uma coisa e depois muda”, “Um dia está satisfeito no outro dia insatisfeito”, “As vezes fala comigo, outras não fala”. Deste modo, será que esses critérios populares, realmente, definem se uma pessoa é ou não "Bipolar”?

Primeiramente, é preciso frisar que o transtorno Bipolar, ou também conhecido como transtorno maníaco-depressivo, é uma condição psiquiátrica caracterizada por episódios de depressão maior e mania (Tipo I) ou depressão maior e hipomania (Tipo II). 

A mania é um período de humor diferente do habitual, com duração mínima de uma semana e presente na maioria dos dias, caracterizada por autoestima inflada ou grandiosidade; redução da necessidade de sono; necessidade de falar mais do que o habitual; fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados; aumento da atividade dirigida a objetivos. O que diferencia a mania da hipomania é que na hipomania sua alteração de humor, diferente do habitual, tem duração mínima de quatro dias. 

A depressão maior é caracterizada pela presença de pelo menos cinco sintomas entre: Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias; Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do dia; Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta; redução ou aumento no apetite quase todos os dias; Insônia ou hipersonia quase diária; Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias; Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada; Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar; Pensamentos recorrentes de morte. Isto, se os sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior. 

Assim, para uma pessoa ser diagnosticada como o transtorno Bipolar, deve apresentar os critérios acima apresentados. Cabe ressaltar que os sintomas também devem apresentar característica de causar um sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo, considerando também a frequência dos episódios, para serem precisamente diagnosticados. Cabe ressaltar que o diagnóstico só pode ser feito por um profissional devidamente habilitado e capacitado. 

Fonte: Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre - Artemed, 2008. 

DSM-5 / [American Psychiatnc Association, traduç . Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. - . e . Porto Alegre: Artmed, 2014.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A morte e seus reflexos particulares.

As possíveis reflexões sobre o morrer
A morte e suas significâncias

A morte mesmo com todas as suas significâncias sociais, espirituais e culturais e todas as questões que emergem e norteiam sua existência como “Para onde vamos?”, “Será o fim de tudo?”, “Será que vou encontrar meus entes que se foram?”, “Será que morrer dói?”. Tudo isso ainda pactua com uma resistência de algumas pessoas ao falarem sobre “o morrer”. 

É notório que a morte faz parte do desenvolvimento humano e é o encerramento do nosso ciclo vital. Essa questão é tão evidente que assusta e muitas pessoas preferem por desconsiderar esta realidade emergente. Mas afinal por que a morte assusta tanto?

Geralmente, observamos que a morte está relacionada a doença, sofrimento, acidente, tragédia, violência e dor. Tais fatores são relacionados a algo “súbito”, “Fora do seu curso normal”, “Fora do controle”, “Imprevisível”. Outro aspecto que surge ao falar sobre a morte é o sentimento de perda, seja da família, do lar, da vida que tem ou queria ter. Deste modo, pensar na possível manifestação da morte é, para algumas pessoas, algo pavoroso, gerando angústia e ansiedade. Por outro lado, a morte também pode vir para alguns como alívio, descanso, providência divina, desafogo e etc.

Assim, é sabido que a morte é uma certeza e que por mais que tentamos ignorá-la, ela direta e/ou indiretamente virá ao nosso encontro, isto é inevitável. O que podemos fazer é está aberto para compreender a nossa maneira de lidar com a morte. Está receptivo a vivenciar de forma genuína nossos sentimentos perante a morte e todo o significado que ela tem a cada um de nós, com toda nossa particularidade. 



Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.


E então serás eterno.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Mais que um legado olímpico

As olimpíadas no Rio terminaram em agosto de 2016, mas não podemos esquecer o valor que os jogos trouxeram a respeito da importância do "fator psicológico" no desenvolvimento dos atletas. 

Quem nunca ouviu alguém dizer "Aquele jogador arrebenta nos treinos mas na hora do jogo não tem o mesmo desempenho", "Aquele atleta nos momentos mais decisivos não consegue dar o seu melhor".

Pode ser que a pessoa não treinou o suficiente? Pode! Pode ser que o indivíduo não está se cuidando fisicamente? Pode!! Mas também pode ser que o lado emocional esteja influenciando o desempenho desta pessoa. 

Muita gente esquece que os atletas, por mais que tenham uma capacidade física diferente das "pessoas comuns", são seres humanos que também sentem: dor, medo, vergonha, raiva, culpa, além de sofrerem como qualquer ser humano. A judoca Rafaela Silva (medalha de ouro nos jogos) e o ginasta Diego Hypólito (medalha de prata nos jogos) comentaram um pouco sobre isto.



"Treinei muito depois de Londres porque não queria repetir o sofrimento. Depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para minha família, para meu país."Disse Rafaela.



“Como qualquer pessoa, temos problemas. Minha cabeça foi minha grande adversária" Afirmou Diego.

Nas olimpíadas os dois atletas tiveram a oportunidade de ressaltar a importância que a psicologia teve em suas vidas, conforme, verificado a seguir:

“Depois da minha derrota em Londres, eu ia largar o judô. Comecei a fazer um trabalho com a minha psicóloga, e ela não me deixou abandonar o judô." Relata Rafaela.

A psicóloga foi uma das pessoas que Hypólito agradeceu nas entrevistas após a prata. “Eu tive depressão, passei por um momento difícil, mas a Sâmia (psicóloga) me reconstruiu emocionalmente”, disse o atleta.

Deste modo, temos que compreender que o ser humano é um ser holístico, ou seja, ele é um indivíduo compreendido por sua totalidade, mente e corpo são interligados, logo, não se pode olhar apenas para o fator fisiológico nem apenas para o psicológico, mas olhar ambos e perceber que os dois precisam de atenção.

Fontes: 

http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/08/aos-prantos-rafaela-desabafa-me-disseram-que-eu-era-uma-vergonha.htm