sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Um olhar para além do diagnóstico

Da diversidade psicológica a compreensão diagnóstica.
Da diversidade diagnóstica

Em sua gênese a palavra diagnóstico surge da palavra grega diagnõstikós que significa "faculdade de conhecer", "ver através de". Atualmente a palavra é utilizada como um modo mais profundo de conhecer um fenômeno ou realidade, por meio de uma metodologia técnica e/ou teórica. 

No âmbito das doenças mentais o diagnóstico foi extremamente importante, pois proporcionou uma maior compreensão das manifestações clínicas de sinais e sintomas que emergiam. Isto contribuiu para uma evolução nas estratégias de tratamento possibilitando uma melhor intervenção terapêutica, principalmente a medicamentosa. Contudo, será que o reconhecimento de um diagnóstico é suficiente na relação de ajuda?

Cabe ressaltar que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), reconhece que mesmo existindo uma classificação formal de transtornos mentais nem sempre os mesmos se enquadram totalmente dentro dos limites exclusivo de um único transtorno, ou seja, a variância de sinais e sintomas podem abarcar vários transtornos de forma categórica, variando também de indivíduo para indivíduo. 

O diagnóstico prévio pode ser um norte a fim de ajudar no melhor entendimento do que o outro está sentindo. No entanto, o Psicólogo em seu exercício profissional deve buscar compreender empaticamente o que este diagnóstico significa para o indivíduo e o que isto pode impactar na sua vida seja pessoal, profissional e afetiva. É necessário “ver através de”, “além de”. 

Deste modo, é preciso que o Psicólogo acolha a pessoa em sua totalidade, reconhecendo que nenhuma pessoa é igual a outra, embora o nome diagnosticado possa ser o igual, o modo de como ele se manifesta é singular. Por isso, é importante não acolher a “doença” ou “diagnóstico”, mas a pessoa e de forma respeitosa compreender, junto com ela, tudo o que isto representa em sua vida: seja medo, vergonha, raiva, desânimo, injustiça, culpa, preconceito, dúvida ou qualquer coisa que nela emergir. Vale ressaltar que cada profissional também tem a sua forma singular de trabalhar, busco elucidar aqui apenas o que eu acredito ser um comprometimento ético com a pessoa.

Fonte:

ARAUJO, Maria de Fátima. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicol. teor. prat., São Paulo , v. 9, n. 2, p. 126-141, dez. 2007 

DSM-5 / [American Psychiatnc Association, traduç . Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. - . e . Porto Alegre: Artmed, 2014.